O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos tem gerado apreensão no Reino Unido, país que mantém uma histórica “relação especial” com os americanos. Apesar do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ter sido um dos primeiros líderes internacionais a congratular Trump, existem preocupações significativas sobre o impacto que sua eleição pode ter nas relações bilaterais.
Os principais pontos de tensão incluem:
* O programa protecionista de Trump, que promete impor tarifas alfandegárias de até 20% sobre todas as importações e 60% para produtos chineses, pode afetar significativamente o Reino Unido, que tem nos EUA seu maior parceiro comercial.
* A questão da Ucrânia representa outro ponto de divergência. Enquanto o Reino Unido mantém forte apoio militar e financeiro a Kiev, Trump criticou a extensão da ajuda americana e prometeu resolver o conflito “em 24 horas”.
* Declarações anteriores de membros do governo trabalhista britânico contra Trump podem criar atritos. O atual ministro das Relações Exteriores, David Lammy, já chamou Trump de “sociopata que simpatiza com os neonazistas” e de “tirano com peruca”.
Bronwen Maddox, diretora-executiva da ONG britânica Chatham House, prevê uma “relação complicada”. Segundo ela, seguindo seu lema “Estados Unidos em primeiro lugar”, Trump “não fará nenhuma concessão em matéria comercial”, além das prováveis divergências sobre segurança europeia e Oriente Médio.
O professor Richard Whitman, especialista em Relações Internacionais da Universidade de Kent, destaca que o governo britânico está “preocupado”, principalmente porque “a maioria dos grandes parâmetros da política externa britânica é definida com base nas principais preocupações americanas”.
A ministra britânica das Finanças, Rachel Reeves, enfatizou que as relações econômicas entre os dois países são “cruciais”. O Reino Unido pode se ver em uma posição delicada, especialmente em caso de guerra comercial entre Trump e a União Europeia.
Apesar das tensões, o porta-voz do primeiro-ministro Starmer reafirmou a disposição do governo em trabalhar próximo ao presidente eleito dos Estados Unidos, minimizando inclusive acusações de Trump sobre suposta interferência do Partido Trabalhista na campanha americana em favor de Kamala Harris.