Em meus pouco mais de vinte anos de mercado, uma pergunta sempre me acompanha ao iniciar o atendimento a uma marca, seja ela pequena ou global: “Qual é a marca desta marca?” Ou, de forma ainda mais direta: que marca esta marca deixa nas pessoas? Essa reflexão não é só um ponto de partida; ela é essencial para qualquer estratégia de branding.
Neste primeiro artigo para o N3 News, convido você a explorar e refletir sobre a poderosa palavra “branding”, muitas vezes mal compreendida e mal utilizada, essa palavra tem o potencial de transformar tanto a sua marca pessoal quanto os seus negócios, desde que seja empregada de forma adequada.
Sempre que explico o que é branding, gosto de recorrer à própria constituição da palavra. De origem inglesa, “Branding” combina “Brand” (marca) com o sufixo “-ing”, que denota ação contínua. A palavra “Brand” remonta ao ato de marcar algo, diferenciando e atribuindo propriedade, enquanto o “-ing” traz a ideia de um processo em andamento. Na minha visão, “Branding” poderia ser traduzido livremente como “marca em ação” — uma prática contínua de deixar rastros, impressões e, sobretudo, marcas nas pessoas. Ação esta que deve ser gerenciada, fazendo então jus ao conceito do branding.
Branding: A marca vai além do visual
É fundamental compreender que a marca vai muito além do logo e da identidade visual. Embora esses elementos sejam cruciais para a identificação de uma marca, atuando como uma bandeira ou sinalização de sua existência, eles são apenas representações (ou signos) do que realmente define ou se percebe sobre a pessoa, o serviço ou o produto. Tenho certeza de que, neste momento, sua imaginação já trouxe à mente alguns desses símbolos de marcas. No entanto, a verdadeira força de uma marca reside no que ela transmite, no impacto que gera e na experiência que entrega.
Nas minhas palestras, costumo apresentar dois exemplos de marcas extremamente valiosas: uma amplamente conhecida e outra quase desconhecida. Ambas são avaliadas em bilhões de dólares. Ao mostrar a primeira, a plateia imediatamente reconhece o símbolo, associando-o às experiências já vividas com a marca. Por outro lado, quando apresento a segunda, o público permanece inerte, sem reação, justamente por não ter qualquer conexão ou experiência prévia com ela. Isso evidencia que o símbolo, por si só, sem a vivência que ele representa, não carrega um significado relevante.
Branding: A prática diária
Na minha experiência, marcas que deixam uma marca forte no mercado são aquelas que compreendem que seu papel vai além da entrega de produtos ou serviços. Branding não é um projeto pontual, mas sim uma jornada contínua. É o que a marca faz e como ela se comporta que realmente importa.
Por exemplo, não adianta falar sobre propósito, inovação ou responsabilidade social se essas ideias não forem tangíveis no dia a dia. As ações sempre falarão mais alto que os discursos. Uma empresa que afirma ser sustentável não conquista confiança pelo que declara, mas sim pelas práticas reais que evidenciam esse compromisso — seja no uso responsável de recursos, na transparência de processos ou no impacto positivo que gera.
Marcas que vivem seus valores constroem confiança e relevância de forma duradoura. Quando há incoerência entre o que se diz e o que se faz, essa credibilidade se dissolve rapidamente. Afinal, o branding é sustentado pela consistência: aquilo que a marca comunica deve refletir exatamente o que ela entrega.
Na minha visão, branding exige disciplina diária, escuta ativa e adaptação constante. É um ciclo que começa no alinhamento interno, mas só se consolida por meio de uma execução consistente. Marcas que cuidam do branding diariamente criam conexões genuínas e sólidas. Já aquelas que o negligenciam enfrentam o risco de perder relevância e, com ela, a confiança do público.
Branding: O impacto de uma marca
Marcar é, antes de tudo, impactar. O escritor Ashley Friedlein afirma que “marca é a soma total de como alguém percebe um produto, negócio ou pessoa. Branding é sobre moldar essa percepção.” Fazer branding é construir e gerenciar esse impacto, que se torna duradouro quando a marca realmente vive aquilo que prega. No final, a pergunta “Qual é a marca da sua marca?” nos convida a refletir sobre como nossas ações diárias estão deixando um rastro — seja ele positivo ou negativo — no mundo.
E você, já parou para pensar qual é a sua marca?
Vamos refletir?
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