A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos sobre Kamala Harris gerou preocupação imediata no governo brasileiro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou apreensão quanto ao resultado, destacando que “o dia amanheceu, no mundo, mais tenso”.
Em suas declarações à imprensa, Haddad ponderou sobre o tom radical utilizado por Trump durante a campanha eleitoral, mas ressaltou a possibilidade de divergência entre o discurso e a prática governamental. “Na campanha foram ditas muitas coisas que causam apreensão não [só] no Brasil, no mundo inteiro. Mas entre o que foi dito e o que vai ser feito, e sabemos que isso aconteceu no passado, as coisas às vezes não se traduzem como foram anunciadas”, afirmou o ministro.
O ministro também observou que Trump deve contar com maioria tanto na Câmara quanto no Senado americanos, o que proporcionará “muitos graus de liberdade” ao novo governo, que assumirá em 20 de janeiro. Quanto aos possíveis impactos na política interna brasileira e um eventual fortalecimento da direita bolsonarista, Haddad manteve cautela: “Difícil dizer. Você não tem um casamento de eleições entre o Brasil e os EUA, não tem um automatismo”.
A vitória de Trump já provocou reflexos nos mercados internacionais, com o dólar ultrapassando a marca de R$ 6,00. Diante desse cenário, Haddad enfatizou a necessidade de “cuidar da nossa, das nossas finanças, para ser o menos afetado possível”.
Paralelamente, o ministro informou que o governo concluiu as reuniões sobre medidas de corte de gastos, que serão anunciadas em breve. O pacote, que pode afetar programas sociais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), seguro-desemprego e abono salarial, será apresentado ao presidente Lula, que deverá discutir as propostas com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, antes do encaminhamento ao Congresso Nacional.