O Seminário de Segurança Hídrica e Energia aconteceu como evento paralelo ao G20, no Rio de Janeiro, nos dias 12 e 13 de novembro/24, numa iniciativa das associações: FMASE, ABRAPCH, ABRAGEL E AGEVAP, e que contou com quase 200 participantes, e teve como objetivo:
Coordenei a sessão de abertura do evento, que contou com autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário, e tratou da segurança hídrica no contexto das discussões globais, do G20 à COP30.
O evento discutiu ainda regras operativas do sistema de gestão hídrica e energética, a economia Azul, energias renováveis e sua contribuição para mitigação e adaptação às mudanças climáticas e sustentabilidade hídrica, gerenciamento de secas e cheias, além da importância da transição energética.
A principal conclusão do evento é a necessidade de retomada, pelo país, da construção de reservatórios de grande porte para acumulação de água, destinada ao uso múltiplo.
A participação das hidrelétricas na geração de energia do Brasil cairá para menos de 50% em 2034, de acordo com a estatal EPE (Empresa de Pesquisa Energética). A previsão é que a queda seja acompanhada do crescimento de outras fontes, como usinas solares, eólicas e aquelas movidas a gás natural.
As hidrelétricas são responsáveis por 55,8% da energia gerada pelo país hoje e, em dez anos, a previsão é que a participação seja de 46,7%. Mesmo assim, elas ainda devem ser a principal fonte de eletricidade do país.
Faz pouco tempo que nossa matriz elétrica estava amparada na produção de energia hidrelétrica em mais de 90% , e este percentual vem caindo porque o Brasil não tem planejado novas usinas de grande porte, capazes de acumular grandes volumes de água possíveis de atender diversas demandas de uso múltiplo.
O Brasil possui mais de 1.500 usinas hidrelétricas de pequeno, médio e grande porte. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indica que o país tem: 219 usinas hidrelétricas de grande porte, 425 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), 739 centrais geradoras hidrelétricas (CGHs). No mundo temos mais de 62 mil Usinas Hidrelétrica.
A matriz elétrica brasileira é uma das mais renováveis do mundo, isso porque grande parte da energia elétrica gerada no Brasil vem de usinas hidrelétricas. A energia eólica, a solar e a de biomassa e também a de resíduos vem tendo participação crescente na matriz.
As energias renováveis têm uma participação significativa na matriz elétrica. Ao todo, são utilizados cerca de 85 % de fontes renováveis para gerar energia elétrica no Brasil, comparado a 25% de utilização no mundo.
Por sua vez, a matriz energética mundial apresenta a participação de energias renováveis no consumo final de energia de 13% em 2023. No Brasil é de 47 %, ou seja, 3,62 vezes mais limpa que a média mundial.
Cada tipo de fonte de energia tem sua aplicação e lugar na matriz energética. A escolha deve considerar as especificidades locais e o custo de oportunidade socioambiental. Nenhuma fonte pode ser desprezada! O que interessa é a segurança energética!
A prosperidade mundial depende de energia confiável, abundante e barata. A energia hidráulica é das fontes renováveis a mais profundamente conhecida e uma das utilizadas a mais tempo pelo homem, desde as rudimentares rodas da água para moinhos como as modernas turbinas e geradores para a produção de eletricidade.
Outro aspecto muito importante da energia hidráulica é sua capacidade de ser “armazenada” para uma utilização “a posteriori”, conforme a demanda, seja pela reservação da água em reservatórios seja pela utilização de usinas reversíveis, sem contar que se a energia assim gerada for armazenada em baterias, poderia-se citar que ela é armazenada duas vezes, e que a existência de significativos volumes de água permitem o seu uso múltiplo.
Entremeada com estas questões de fontes de energia temos que trabalhar com uma das questões principais que afeta a nossa sociedade e que são as Mudanças Climáticas e como elas devem ser enfrentadas. Na COP 26 em Glasgow representantes dos diversos países assinaram o “Glasgow Climat Pact” que pede: Urgência da transição energética e descarbonização através de algumas ações como:
-Coalizão mundial para desenvolvimento de energias renováveis (eólica, solar, biomassa e hidráulica).
Para que isto aconteça precisaremos ver um grande aumento na geração de eletricidade de baixo carbono, com destaque para as usinas hidrelétricas com reservação de água, e também as PCHs a fio d’água, mas em equilíbrio e sinergia com todas as fontes (inclusive com aquelas não renováveis), o que garante a segurança energética do País.