O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nesta quarta-feira (6) que o Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, registrou a primeira redução na taxa oficial de desmatamento após cinco anos consecutivos de aumento. A supressão da vegetação nativa alcançou 8.174 quilômetros quadrados entre agosto de 2023 e julho de 2024.
O monitoramento, realizado através do Projeto de Monitoramento do Desmatamento no Cerrado por Satélite (Prodes Cerrado), revelou uma mudança significativa no padrão de destruição do bioma, especialmente nas principais áreas afetadas.
* Os estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentram 76% do desmatamento total do Cerrado, sendo considerados a principal fronteira agropecuária atual do bioma
* A Bahia apresentou a maior redução percentual, com queda de 63,3% no desmatamento, seguida pelo Maranhão (15,1%), Piauí (10,1%) e Tocantins (9,6%)
* A diminuição do desmatamento evitou a emissão de 41,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, segundo dados do governo federal
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, celebrou os resultados durante evento no Palácio do Planalto: “O dado que acabamos de ver aqui, de queda do desmatamento no Cerrado, que para muitos seria impossível, começa a ganhar fôlego cada vez mais, inclusive com a participação do setor privado”.
Daniel Silva, especialista em conservação do WWF-Brasil, alertou que, apesar dos avanços, a situação ainda é preocupante: “Apesar da tendência de redução confirmada pelo Prodes, os números da destruição ainda permanecem em patamares elevados quando comparamos com a série histórica”.
Durante o evento, foi assinado um pacto entre o governo federal e os estados do Matopiba para fortalecer as ações de prevenção e combate ao desmatamento e incêndios na região. O acordo visa aumentar a fiscalização e melhorar o compartilhamento de informações para conservação do bioma.
A intensificação das ações de fiscalização contribuiu significativamente para os resultados positivos. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) registrou um aumento de 98% na média de multas aplicadas por desmatamento e queimadas ilegais entre janeiro de 2023 e outubro de 2024, em comparação com o período de 2019 a 2022, com crescimento de 20% ao ano no Cerrado.
A redução do desmatamento também foi observada na Amazônia Legal no mesmo período, com uma queda de 30,6% em relação ao ano anterior, atingindo o menor valor percentual em 15 anos.