O Bradesco divulgou seu balanço do terceiro trimestre na quinta-feira, 31, revelando um aumento no lucro e uma recuperação gradual da rentabilidade. No entanto, apesar dos números positivos, o mercado reagiu negativamente, com as ações do banco fechando em queda. O cenário de juros mais altos e incertezas econômicas parece ter influenciado a percepção dos investidores.
O lucro líquido recorrente do Bradesco atingiu R$ 5,225 bilhões, representando um aumento de 13,1% em relação ao ano anterior e 10,8% em comparação com o segundo trimestre. Embora o resultado tenha sido consistente com as expectativas do mercado, a composição do lucro apresentou diferenças, especialmente na relação entre receitas de crédito e despesas com inadimplência.
A carteira de crédito do banco alcançou R$ 943,8 bilhões ao final de setembro, um crescimento de 7,6% em um ano. As operações para empresas foram o principal motor desse crescimento, com um aumento de 11,2%, impulsionadas principalmente pelas pequenas e médias empresas (16,9%). A carteira de pessoas físicas também apresentou um avanço significativo de 8,9% no período.
Apesar do crescimento da carteira, as margens do banco com clientes somaram R$ 15,6 bilhões, uma queda de 1,3% em um ano. Isso reflete uma postura mais conservadora na concessão de crédito, priorizando linhas de menor risco ou clientes com maior renda. Como resultado, o spread (diferença entre custo de captação e juros cobrados dos clientes) caiu de 9,1% para 8,4%.
A abordagem cautelosa do banco resultou em uma redução significativa nas despesas com provisões contra inadimplência, que recuaram 22,4% em um ano, totalizando R$ 7,1 bilhões. A taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) ficou em 4,2%, uma melhora de 1,4 ponto percentual em relação a setembro de 2023.
O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, enfatizou a importância de uma estratégia sustentável: ‘Eu quero entregar margens perenes, e não um voo de galinha, em que cresce em um trimestre, devolve no outro’. Noronha reiterou que o banco retomará gradualmente seus antigos patamares de rentabilidade.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do Bradesco no trimestre foi de 12,4%, um aumento de 1,1 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023. No entanto, esse valor ainda está abaixo da média histórica do banco, que gira em torno de 20%.
O mercado demonstrou preocupação com a exposição do Bradesco aos ciclos da economia doméstica, especialmente considerando a importante contribuição da baixa renda para os resultados do banco. Isso poderia gerar dificuldades em um cenário de juros elevados.
Como parte de sua estratégia para aumentar a rentabilidade, o Bradesco anunciou o lançamento de um novo segmento de serviços para a alta renda: o Bradesco Principal. Este novo serviço será complementar ao Prime, focando em clientes com renda a partir de R$ 25 mil mensais ou investimentos entre R$ 300 mil e R$ 10 milhões.