Às vésperas da eleição presidencial dos Estados Unidos, o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, optou por intensificar suas provocações, diatribes incendiárias e insultos, ao invés de buscar atrair eleitores moderados. Esta estratégia contrasta com a abordagem de sua rival democrata, que tem feito acenos aos republicanos moderados.
A vice-presidente democrata tem adotado uma postura mais conciliadora, participando de eventos eleitorais com a ex-congressista conservadora Liz Cheney, crítica de Trump, e prometendo ser uma presidente para ‘todos os americanos’. Além disso, a candidata de 60 anos tem moderado algumas de suas posições anteriores sobre temas como clima e armas de fogo, numa tentativa de não ser vista como excessivamente progressista.
Trump, por sua vez, tem inflamado sua retórica em comícios para milhares de pessoas. Ele não hesita em chamar Harris de ‘estúpida’, sugerindo que ela deveria ‘passar por um teste cognitivo’ e a rotulando como ‘vice-presidente de merda’.
O candidato republicano também não fez esforços para reconquistar ex-colaboradores que o criticam, como seu ex-vice-presidente Mike Pence e o ex-chefe de gabinete John Kelly, que recentemente afirmou que Trump se encaixa na definição de fascista.
Trump chegou a atacar grupos inteiros de eleitores, incluindo afro-americanos, latinos e judeus que consideram votar em Harris, dizendo que eles precisam ter suas ‘cabeças checadas’.
Julian Zelizer, cientista político da Universidade de Princeton, vê a retórica agressiva de Trump como parte de uma estratégia de campanha deliberada. Ele declarou à AFP: ‘A estratégia de Trump é que o partido se unirá em torno dele, os desertores anti-Trump serão limitados e tentar atrair o centro não faz sentido’.
As provocações de Trump têm garantido uma cobertura midiática constante, deixando pouco espaço para seus rivais. Surpreendentemente, sua retórica agressiva e machista tem ampliado seu apelo entre os jovens.
Como parte de sua ofensiva, Trump concedeu uma longa entrevista a Joe Rogan, um popular podcaster conhecido por seu estilo viril, combativo e politicamente incorreto.
Jennie Sweet-Cushman, cientista política da Chatham University, comentou: ‘Acho que é uma estratégia inteligente da parte de Trump visar os eleitores que votam pouco. Mas, sabe, as chances de eles irem às urnas não são tão altas como se ele fosse atrás das vovós’.