Remoção das trompas reduz risco de câncer de ovário, diz estudo canadense

Remoção das trompas reduz risco de câncer de ovário, diz estudo canadense

Estudo canadense revela que a remoção das trompas de falópio pode reduzir significativamente o risco de câncer de ovário em mulheres

O câncer de ovário, segunda neoplasia ginecológica mais comum, representa um desafio significativo para a saúde das mulheres. Com 70% dos casos descobertos em estágio avançado, pesquisadores buscam há décadas formas eficazes de prevenção. Recentemente, uma cirurgia simples e promissora surgiu como potencial solução: a salpingectomia, que consiste na retirada total das trompas de falópio.

A Agência Internacional para Pesquisa Sobre Câncer (IARC) estima que aproximadamente 313 mil novos casos de câncer de ovário foram diagnosticados em todo o mundo em 2023, com projeção de aumento para 371 mil casos anuais até 2035. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) prevê 7.310 novos casos por ano no triênio 2023-2025.

A doença é mais comum em mulheres após os 60 anos, com fatores de risco incluindo terapia de reposição hormonal prolongada, endometriose, obesidade e histórico familiar de certos tipos de câncer. O principal risco ocorre entre portadoras de mutações genéticas herdadas nos genes BRCA1 e BRCA2. Elas têm risco de 10% a 60% de desenvolver câncer de ovário durante a vida.

Evidências científicas sugerem que danos genéticos e processos inflamatórios nas trompas podem originar células cancerosas que migram para o ovário. A salpingectomia surge como uma alternativa menos radical à remoção dos ovários e útero, evitando os efeitos colaterais da menopausa precoce.

Um estudo canadense publicado em 2022 no Jama Network Open avaliou dados de 25 mil mulheres que passaram pela salpingectomia entre 2008 e 2017. Os resultados mostraram uma redução significativa nos casos de câncer de ovário seroso e epitelial em comparação com o grupo controle.

Em fevereiro de 2023, a Aliança para Pesquisa em Câncer de Ovário dos Estados Unidos passou a recomendar a salpingectomia oportunista durante cirurgias ginecológicas de rotina, como histerectomia ou laqueadura.

No Brasil, embora não exista uma diretriz oficial, a prática tem ganhado aceitação. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) publicou em 2020 um artigo sugerindo a salpingectomia oportunista como uma cirurgia de baixo risco eficaz para a profilaxia do câncer de ovário.

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