A bancada do PT na Câmara dos Deputados está reconsiderando seu apoio ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Casa no próximo ano, após uma manobra estratégica do atual presidente, Arthur Lira.
Inicialmente, o líder da bancada petista, Odair Cunha (MG), havia sinalizado a Lira que o partido dificilmente apoiaria Motta se houvesse um acordo com o PL para votar o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A decisão de Lira de retirar o projeto da Comissão de Constituição e Justiça e criar uma comissão específica sobre o tema adiou a discussão, abrindo caminho para um possível apoio do PT a Hugo Motta, candidato de Lira à sua sucessão.
O projeto de anistia em questão não se limita apenas aos que depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes em Brasília, mas também abrange os articuladores e financiadores da tentativa de golpe, incluindo potencialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, havia declarado em entrevista que pressionaria Lira pela aprovação do projeto. O líder do partido na Câmara chegou a sugerir que a bancada só apoiaria Motta se a anistia fosse votada.
Diante da resistência do PT, a decisão de Lira de criar uma comissão específica para o projeto de anistia foi vista como uma manobra para contornar o impasse.
Uma reunião da bancada do PT está convocada para discutir o apoio ao deputado do Republicanos. Fontes internas indicam que Motta já contava com a simpatia da bancada, segundo Odair Cunha, e agora suas chances de receber o apoio do PT aumentaram significativamente.
Lira já obteve a garantia do Palácio do Planalto de que apoiaria o nome que ele fechasse com a bancada. Figuras importantes do PT, como o próprio Odair Cunha e a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, demonstravam preferência por um acordo com Hugo Motta.
A manobra de Lira parece ter sido bem-sucedida em adiar uma decisão polêmica e potencialmente prejudicial às negociações para sua sucessão, ao mesmo tempo em que mantém aberta a possibilidade de discussão futura sobre a anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro.