O Mar Báltico, cercado por nove países do norte da Europa, enfrenta uma grave crise de extinção de peixes e perda de biodiversidade devido à falta de oxigênio em suas águas. Para combater esse problema, duas startups e um grupo de cientistas europeus estão apostando em um projeto inovador que visa reoxigenar o mar através da produção industrial de hidrogênio.
O projeto piloto, denominado BOxHy, é uma colaboração entre pesquisadores da Universidade de Estocolmo na Suécia, a empresa francesa Lhyfe e a companhia finlandesa Flexens. O objetivo principal é encontrar uma solução abrangente para a asfixia que ameaça o Mar Báltico, utilizando a produção de hidrogênio como meio para alimentar a descarbonização da indústria em terra e, ao mesmo tempo, injetar oxigênio nas águas profundas do mar.
A perda de oxigênio no Mar Báltico é atribuída principalmente a duas causas, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). A primeira é a eutrofização, resultante do derramamento constante de nutrientes, como fertilizantes e chorumes, provenientes da terra firme. Esses nutrientes alimentam algas que se proliferam excessivamente, consumindo o oxigênio da água à medida que se degradam e tornando a vida aquática impossível ao seu redor.
No coração do Báltico, encontra-se uma das maiores zonas oceânicas mortas do mundo. O projeto BOxHy propõe estudar a viabilidade de injeções de oxigênio gasoso em profundidade, uma técnica já utilizada em alguns lagos de água doce americanos em hipóxia. Jakob Walve, ecologista marinho da Universidade de Estocolmo, associado ao projeto, afirma: ‘O restabelecimento das condições de oxigênio nas águas profundas teria a longo prazo muitos efeitos positivos no ecossistema do Mar Báltico’.
A empresa francesa Lhyfe, especializada na eletrólise da água para produzir hidrogênio verde, desempenhará um papel crucial no projeto. A companhia já conseguiu produzir hidrogênio em alto mar, utilizando água do mar dessalinizada, durante um experimento de um ano em Le Croisic, no oeste da França, com uma turbina eólica marinha.
A segunda fase de estudos do BOxHy, prevista para começar em 2025, terá duração de cinco a seis anos. Nesta etapa, serão determinados o método de injeção de oxigênio e estudadas as consequências sobre o meio ambiente e a biodiversidade.
A estimativa é de que seriam necessárias trinta plataformas em alto mar no Báltico para reoxigená-lo completamente.