O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um alerta preocupante sobre o estado da dívida pública global. Em um estudo publicado nesta terça-feira, o FMI prevê que a dívida mundial ultrapassará a marca de US$ 100 trilhões este ano, classificando-a como ‘muito alta’.
A dívida pública global como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) deve atingir 93% em 2024, com projeções indicando um aumento para 100% até 2030. Isso representa um aumento de 10 pontos percentuais em relação aos níveis pré-pandemia de 2019.
O FMI destaca que vários países, incluindo o Brasil, França, Itália, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos, devem enfrentar um aumento ainda maior em suas dívidas públicas.
Os autores do estudo, Era Dabla-Norris, Davide Furceri, Raphael Lam e Jeta Menkulasi, alertam: ‘Os níveis futuros da dívida pública podem ser ainda maiores do que o projetado, e ajustes fiscais muito maiores do que os projetados atualmente são necessários para estabilizá-la ou reduzi-la com alta probabilidade’.
O FMI recomenda que os países adotem políticas fiscais cuidadosamente elaboradas para proteger o crescimento econômico e as famílias vulneráveis, aproveitando o ciclo de flexibilização da política monetária nas principais economias.
O estudo aponta três fatores que podem tornar a perspectiva fiscal de muitos países pior do que o esperado: grandes pressões de gastos, projeções de dívida otimistas e uma parte considerável da dívida não identificada.
Em um cenário severamente adverso, a dívida pública global poderia atingir 115% do PIB em três anos, quase 20 pontos percentuais acima das projeções atuais.
Os autores destacam: ‘É importante ressaltar que os países estão cada vez mais vulneráveis a fatores globais que afetam seus custos de empréstimos, incluindo repercussões de maior incerteza política em países sistematicamente importantes, como os Estados Unidos’.
O FMI enfatiza a importância do ajuste fiscal na contenção dos riscos da dívida. Para países como Brasil, Índia e África do Sul, isso exigiria reformas para lidar com a rigidez orçamentária e realocar despesas.
Especificamente para o Brasil, o Fundo sugere que ‘a contenção de isenções fiscais ajudaria a mobilizar receitas de forma duradoura para financiar necessidades de desenvolvimento e o alívio da pobreza’.
Os autores advertem contra o adiamento de medidas de ajuste fiscal: ‘Em países onde a dívida está projetada para aumentar ainda mais – como Brasil, França, Itália, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos – atrasar a ação tornará o ajuste necessário ainda maior’.