O cenário do ensino superior no Brasil está prestes a passar por uma mudança significativa. De acordo com o Censo da Educação Superior 2023, divulgado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de matrículas em cursos de ensino a distância (EAD) está praticamente empatado com o de cursos presenciais. A tendência indica que o EAD deve ultrapassar o modelo tradicional ainda este ano, impulsionado pela facilidade logística e custos mais baixos.
O levantamento revelou dados surpreendentes sobre a distribuição de matrículas no ensino superior brasileiro:
Em 2023, dos 9,9 milhões de estudantes no ensino superior, 4,9 milhões estavam matriculados em cursos EAD, enquanto 5,06 milhões optaram pelo modelo presencial. A diferença é de apenas 150.220 matrículas, uma redução significativa em comparação com o ano anterior, quando a diferença era de 781.729 vagas.
A evolução das matrículas mostra uma tendência clara: enquanto o EAD cresce, o ensino presencial recua. No último ano, houve uma retração de cerca de 49 mil vagas no presencial, ao passo que o EAD ganhou quase 600 mil novas matrículas.
Carlos Moreno, diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, comentou sobre essa tendência: ‘Bateu ali. É bem provável que no ano que vem essa curva vai se cruzar, a se manter essa tendência’.
O crescimento acelerado do EAD tem levantado preocupações sobre a qualidade do ensino, especialmente em áreas estratégicas como a formação de professores. O Ministério da Educação (MEC) tem tomado medidas para regular o setor:
Em junho, o governo suspendeu a criação de novos cursos EAD até março de 2025 e determinou a reformulação dos parâmetros de qualidade para essa modalidade.
Leonardo Barchini, secretário executivo do MEC, afirmou: ‘Essa matrícula aumenta de maneira um pouco desenfreada muito pela demanda da população, mas também por conta dessa regulação que a gente está revendo hoje’.
Um dado alarmante é que 67% dos matriculados em licenciaturas estão em cursos a distância, com 81% dos novos ingressantes optando por essa modalidade. Para enfrentar essa situação:
O MEC homologou uma resolução que determina que cursos de licenciatura a distância devem oferecer no mínimo 50% das aulas em formato presencial.
Marta Abramo, secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior, comentou: ‘Todas (instituições) terão de se adaptar para cumprir as novas diretrizes que preveem essa carga presencial e prática intensa’.
O MEC planeja criar um instituto para regular o ensino superior, possivelmente financiado por taxas pagas pelas universidades privadas. Além disso, o setor público atingiu pela primeira vez 1 milhão de vagas, um aumento de 19% no último ano.