O conflito entre Israel e Palestina tem atraído a atenção de potências globais como China e Rússia, que buscam assumir um novo papel como mediadores nesta complexa disputa. Embora historicamente tenham apoiado a causa palestina, ambos os países agora adotam uma abordagem mais pragmática, visando aumentar sua influência internacional e contrabalançar o peso dos Estados Unidos na região.
• Em julho, Pequim sediou um encontro onde o Hamas, o Fatah e outras facções palestinas assinaram um acordo inicial para formar um ‘governo interino de reconciliação nacional’ para administrar Gaza após o fim da guerra atual.
• Tanto China quanto Rússia mantêm relações diplomáticas com todos os atores regionais envolvidos, incluindo Irã, Síria e Turquia. Diferentemente dos Estados Unidos, que consideram o Hamas uma organização terrorista, Pequim e Moscou não têm restrições em dialogar com o grupo.
• A China, sob a liderança de Xi Jinping, reincorporou um componente ideológico em sua política externa, sempre visando servir aos interesses práticos do país. O conflito Israel-Palestina se encaixa perfeitamente nessa estratégia.
• Para Ahmed Aboudouh, pesquisador da Chatham House, ‘a China quer ser vista como uma potência razoável e responsável, interessada na mediação e na construção da paz’.
• A Rússia, por sua vez, busca um equilíbrio nas relações com Israel e no apoio aos palestinos. No entanto, as relações com o governo israelense esfriaram recentemente, especialmente após os eventos de 7 de outubro de 2023.
• Apesar de a China ser o maior importador mundial de petróleo, com metade das compras provenientes do Oriente Médio e do Golfo Pérsico, especialistas acreditam que os esforços de mediação não estão diretamente ligados a interesses econômicos.
• Para a Rússia, o conflito entre o Hamas e Israel tem sido útil para desviar a atenção da guerra na Ucrânia, segundo o professor Mark Katz da Universidade George Mason.
• Ambos os países buscam promover uma visão da ordem mundial alternativa à dos Estados Unidos, especialmente no sul global, onde a maioria dos países apoia os palestinos.
• A China já exerceu um papel de mediador influente ao facilitar um acordo para restabelecer relações diplomáticas entre Irã e Arábia Saudita em 2023.
• Enquanto a China busca preservar a ordem regional no Oriente Médio com alguns ajustes para servir seus interesses, ‘a Rússia quer explodi-la completamente para reestruturá-la de uma forma que beneficie seus interesses’, afirma Aboudouh.
• A Rússia se envolveu militarmente na região, como na guerra na Síria, algo que a China não tem intenção de fazer.
• Especialistas acreditam que Pequim gostaria de ver o conflito resolvido com a criação de um Estado Palestino sobre o qual a China exerceria maior influência, enquanto Moscou não estaria realmente interessada em resolver o conflito, mas sim em fingir que busca uma solução.