Anielle Franco diz ser ‘difícil falar de perdão’ aos assassinos de Marielle

Anielle Franco diz ser ‘difícil falar de perdão’ aos assassinos de Marielle

Ministra da Igualdade Racial comenta sobre o julgamento dos ex-policiais militares acusados do assassinato de sua irmã, Marielle Franco

O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes em 2018, está em andamento no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, expressou sua dificuldade em falar sobre perdão aos autores confessos do crime.

• Anielle Franco chegou ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) nesta quinta-feira, 31, para acompanhar o segundo dia do júri popular. Ao ser questionada sobre o pedido de perdão feito por Ronnie Lessa, ela declarou:

‘Eu sou uma mulher, assim como Luyara (filha de Marielle) e a minha mãe, que fomos ensinadas a sermos cristãs. Acho que não sou eu que tenho de perdoá-lo. Ele tem de ser perdoado por qualquer religião que ele tenha, mas é difícil falar de perdão e de sentimento quando a gente não tem a Mari aqui.’

• Durante o primeiro dia do julgamento, Ronnie Lessa surpreendeu ao pedir perdão às famílias das vítimas. Ele expressou seu arrependimento, dizendo:

‘Eu preciso pedir perdão a essas famílias. Perdi meu pai recentemente e já foi péssimo. Perder um filho deve ser a coisa mais triste do mundo, um marido.’

• Lessa também revelou detalhes sobre o planejamento do crime. Segundo ele, o alvo inicial era o ex-deputado federal Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur. No entanto, a ideia foi descartada por ser considerada ‘inviável’.

• O ex-policial militar afirmou que houve uma orientação expressa para que a execução ocorresse longe da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com o intuito de despistar o caráter político do crime.

• Lessa concluiu seu depoimento expressando seu desejo de aliviar a angústia das famílias e sua própria consciência:

‘Infelizmente não podemos voltar no tempo. Hoje, tento fazer o possível para tentar tirar essa angústia de todos, assumindo a minha responsabilidade e trazendo à tona todos os personagens envolvidos nessa história. Tento fazer isso para tirar um peso da minha consciência. Eu sei que nunca vou conseguir trazer as pessoas de volta, mas tinha que pedir esse perdão, incluindo à minha família.’

O julgamento continua, com a sociedade brasileira acompanhando atentamente o desenrolar deste caso que abalou o país e trouxe à tona questões cruciais sobre violência política e segurança pública.

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