Aumento do afastamento de professores em BH é em função do estresse e sobrecarga de trabalho

Aumento do afastamento de professores em BH é em função do estresse e sobrecarga de trabalho

Desgaste emocional e estresse levam educadores a considerar abandono da carreira. Índice médio mensal de afastamento subiu para 3,4% em 2023.

Neste 15 de outubro, Dia do Professor, dedicado àqueles e àquelas que exercem, com dignidade, uma das profissões mais nobres da trajetória humana, Belo Horizonte trás à tona um problema crescente: o aumento no número de afastamentos de professores municipais e da educação infantil por motivos de saúde.

Após o período de teletrabalho durante a pandemia, muitos educadores estão precisando se ausentar novamente, desta vez para cuidar da própria saúde. O índice médio mensal de afastamento subiu de 0,24% em 2020 para 3,4% em 2023, revelando um cenário preocupante no ambiente escolar.

O desgaste emocional tem sido um fator determinante para o afastamento dos professores. O cansaço e o estresse acumulados têm levado muitos educadores a considerar abandonar a carreira docente. Uma pesquisa nacional realizada pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras (Semesp) revelou que 79% dos professores já pensaram em desistir das salas de aula e buscar uma nova direção profissional. A falta de disciplina e interesse dos alunos é apontada como um dos principais desafios enfrentados pelos professores.

Essa percepção é corroborada pela pesquisa ‘Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil’, que identificou esse problema como uma das principais dificuldades para 63% dos educadores entrevistados.

Impacto na saúde mental dos professores

O desgaste vivenciado em sala de aula tem levado os professores a buscar cada vez mais auxílio médico. A sobrecarga de trabalho e os desafios comportamentais dos alunos são fatores que contribuem significativamente para o adoecimento dos professores.

A possibilidade de desistir da carreira já foi considerada por quase 80% dos entrevistados pelo Semesp. Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, comenta: ‘O professor se sente muito sozinho dentro das salas de aula. Aliado a isso, há a questão da violência. A maioria relata que já passou por algum tipo de intimidação, agressão verbal, sem falar do comportamento dos alunos, que mudou radicalmente’.

Ações e perspectivas futuras

A Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) informou que a Diretoria Central de Saúde Ocupacional (DCSO) desenvolveu uma série de ações voltadas ao cuidado com a saúde do servidor, incluindo o acompanhamento dos servidores em readaptação funcional e parcerias com clínicas-escola para oferecer psicoterapia gratuita.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mantém um Núcleo de Intervenção em Saúde Funcional, dedicado a apoiar servidores que enfrentam adoecimentos físicos ou mentais que possam impactar a capacidade laboral.

O cenário atual de afastamentos e desafios enfrentados pelos professores em Belo Horizonte e região metropolitana evidencia a urgência de medidas para valorizar a carreira docente e melhorar as condições de trabalho nas escolas. Sem ações efetivas, o risco de escassez de professores no futuro próximo torna-se uma preocupação real para o sistema educacional.

Melina Matos
Melina Matos
Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, com experiência de atuação em assessorias, rádio e TV.

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Melina Matos
Melina Matos
Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, com experiência de atuação em assessorias, rádio e TV.
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