O governo ucraniano tomou uma medida drástica ao proibir o uso do aplicativo de mensagens Telegram em dispositivos oficiais utilizados por autoridades do Estado, militares e trabalhadores em setores vitais. A decisão foi anunciada pelo Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, após o chefe da agência de inteligência militar GUR, Kyrylo Budanov, apresentar evidências alarmantes sobre a capacidade dos serviços especiais russos de espionar a plataforma.
A proibição surge em meio a crescentes preocupações de segurança nacional, com autoridades ucranianas alertando repetidamente sobre os riscos associados ao uso do Telegram durante o conflito em curso com a Rússia.
Andriy Kovalenko, chefe do centro de combate à desinformação do conselho de segurança, esclareceu que as restrições se aplicam apenas a dispositivos oficiais, não afetando telefones pessoais. Esta distinção é crucial para entender o escopo da medida.
De acordo com o comunicado do Conselho de Segurança, Budanov forneceu provas contundentes de que os serviços especiais russos poderiam acessar não apenas as mensagens ativas do Telegram, mas também aquelas já excluídas, além dos dados pessoais dos usuários.
Kyrylo Budanov enfatizou a gravidade da situação, declarando: ‘Sempre apoiei e continuo a apoiar a liberdade de expressão, mas a questão do Telegram não é uma questão de liberdade de expressão, é uma questão de segurança nacional’.
A decisão tem implicações significativas para a comunicação governamental e militar na Ucrânia. O presidente Volodymyr Zelenskiy, comandantes militares e autoridades regionais e municipais frequentemente utilizam o Telegram para publicar atualizações sobre a guerra e decisões importantes.
Dados do banco de dados Telemetrio revelam que aproximadamente 33.000 canais do Telegram estão ativos na Ucrânia, demonstrando a ampla adoção da plataforma no país.
A imprensa ucraniana estima que 75% dos ucranianos usam o aplicativo para comunicação, com 72% considerando-o uma fonte importante de informações no final do ano passado. Essa prevalência ressalta o desafio que as autoridades enfrentarão para implementar a proibição e encontrar alternativas seguras.
A proibição do Telegram em dispositivos oficiais ucranianos marca um ponto crítico na interseção entre segurança nacional e comunicação digital em tempos de guerra, destacando os desafios contínuos que a Ucrânia enfrenta na proteção de informações sensíveis contra possíveis ameaças russas.