Telegram muda política e entregará dados de usuários às autoridades

Telegram muda política e entregará dados de usuários às autoridades

Aplicativo de mensagens anuncia mudança em seus termos de serviço e política de privacidade para desencorajar atividades criminosas na plataforma

O Telegram, popular aplicativo de mensagens, anunciou uma mudança significativa em sua política de privacidade. A plataforma agora se compromete a fornecer endereços IP e números de telefone de usuários às autoridades competentes mediante mandados de busca ou outras solicitações legais válidas. Esta decisão marca uma mudança drástica na postura da empresa, conhecida por sua forte defesa da privacidade dos usuários.

Pavel Durov, CEO do Telegram, explicou a mudança em uma postagem na plataforma na segunda-feira (23/9). Segundo ele, a nova política ‘deve desencorajar criminosos’. Durov argumentou: ‘Embora 99,999% dos usuários do Telegram não tenham nada a ver com crimes, os 0,001% envolvidos em atividades ilícitas criam uma imagem ruim para toda a plataforma, colocando os interesses de nossos quase um bilhão de usuários em risco’.

• A mudança ocorre após a recente detenção de Durov pelas autoridades francesas em um aeroporto ao norte de Paris. Dias após sua prisão, promotores o acusaram de permitir o uso de sua plataforma para atividades criminosas, incluindo divulgação de imagens de abuso infantil e tráfico de drogas.

• Durov inicialmente negou as acusações, chamando-as de ‘surpreendentes’ e ‘equivocadas’. No entanto, a nova política sugere uma mudança em sua abordagem frente às pressões legais e governamentais.

• Críticos do Telegram há muito tempo apontam a plataforma como um foco de desinformação, pornografia infantil e conteúdo relacionado ao terrorismo. Um dos recursos mais controversos é a capacidade de criar grupos com até 200 mil membros, o que dificulta a moderação eficaz.

• Recentemente, o aplicativo enfrentou escrutínio na Inglaterra por hospedar canais de direita radical que contribuíram para a violência em algumas cidades britânicas. Na Ucrânia, o governo proibiu o uso do Telegram em dispositivos de funcionários do Estado, visando minimizar ameaças representadas pela Rússia.

Impacto na Liberdade de Expressão

• John Scott-Railton, pesquisador do Citizen Lab da Universidade de Toronto, observa que a mudança de política está sendo recebida com alarme em muitas comunidades. Ele explica: ‘O marketing do Telegram como uma plataforma que resistiria às demandas do governo atraiu pessoas que queriam se sentir seguras compartilhando suas visões políticas em lugares como Rússia, Belarus e Oriente Médio’.

• A preocupação central, segundo Scott-Railton, é se isso significa que a plataforma começará a cooperar com autoridades em regimes repressivos. O Telegram não forneceu detalhes sobre como lidará com demandas de líderes de tais regimes no futuro.

• Durov anunciou que o aplicativo agora está usando ‘uma equipe dedicada de moderadores’ e inteligência artificial para ocultar conteúdo problemático nos resultados de pesquisa. No entanto, especialistas como Daphne Keller, do Centro de Internet e Sociedade da Universidade de Stanford, argumentam que isso pode não ser suficiente para cumprir as leis europeias.

• Keller afirma: ‘Qualquer coisa que os funcionários do Telegram olhem e possam reconhecer com razoável certeza que é ilegal, eles devem remover completamente’. Ela também ressalta que em alguns países, a plataforma pode ser obrigada a notificar as autoridades sobre tipos específicos de conteúdo seriamente ilegal.

A mudança na política do Telegram representa um ponto de virada significativo para a plataforma, equilibrando as demandas de segurança com as preocupações de privacidade de seus usuários. Resta saber como essa nova abordagem afetará a base de usuários do aplicativo e sua reputação como um bastião da comunicação privada e segura.
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