Uma pesquisa recente revelou uma preocupação generalizada entre os brasileiros sobre a segurança e o bem-estar de crianças e adolescentes no ambiente digital. O estudo, divulgado na quinta-feira (12), mostra que a grande maioria dos entrevistados acredita que as empresas de tecnologia devem implementar medidas mais rigorosas para proteger os jovens usuários.
De acordo com o levantamento, 97% dos participantes indicaram que as empresas deveriam adotar pelo menos uma das seguintes medidas de proteção:
Solicitar a comprovação de identidade dos usuários, visando garantir a autenticidade das contas e prevenir o acesso indevido de menores a conteúdos impróprios.
Melhorar o atendimento e apoio ao consumidor para denúncias, facilitando a comunicação de problemas e a rápida resolução de questões relacionadas à segurança online.
Proibir a publicidade e venda direcionadas a crianças, reconhecendo a vulnerabilidade desse público frente às estratégias de marketing agressivas.
Acabar com a reprodução automática e rolagem infinita de vídeos, como reels ou shorts, que podem contribuir para o uso excessivo e viciante das plataformas.
Limitar o tempo de uso dos serviços, implementando ferramentas que ajudem os usuários, especialmente os mais jovens, a gerenciar melhor o tempo gasto online.
Maria Mello, co-líder do Eixo Digital e coordenadora do programa Criança e Consumo do Instituto Alana, comentou sobre os resultados:
‘A pesquisa e seus resultados expressivos mostram que é realmente difundida a percepção de que a falta de ação das empresas, no sentido cumprir com seu dever constitucional de proteger as crianças e os adolescentes no ambiente digital, está impactando negativamente o desenvolvimento integral’.
O estudo também revelou uma percepção de que a legislação brasileira é menos protetiva em comparação com outros países:
Oito em cada dez brasileiros acreditam que a lei brasileira protege menos as crianças e adolescentes do que a de outros países, indicando uma possível necessidade de revisão e fortalecimento das políticas de proteção digital.
Sete em cada dez brasileiros consideram que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não tem sido eficaz no combate à publicidade infantil, sugerindo que pode haver lacunas na aplicação ou na abrangência da lei.
A pesquisa também destacou preocupações específicas sobre o impacto das redes sociais:
93% concordam que as crianças e adolescentes estão ficando viciadas em redes sociais, apontando para um problema crescente de dependência digital.
92% acreditam que é muito difícil para crianças e adolescentes se defenderem sozinhas de violências e de conteúdos inadequados para sua idade, ressaltando a necessidade de maior supervisão e proteção.
87% concordam que a exibição de propagandas e comerciais para crianças e adolescentes nas redes sociais incentiva o consumo em excesso, levantando questões sobre a ética da publicidade direcionada a menores.
86% concordam que os conteúdos mais acessados atualmente por crianças e adolescentes não são adequados para a idade deles, indicando uma preocupação com a exposição a material impróprio.