O Papa Francisco reafirmou nesta sexta-feira (27) que a Igreja Católica deve pedir perdão pelo ‘flagelo’ dos abusos sexuais de menores. Em um discurso diante de representantes políticos e da sociedade civil na Bélgica, o pontífice abordou os casos dramáticos de abusos e as adoções forçadas que ocorreram no país entre as décadas de 1950 e 1970.
‘A Igreja deve ter vergonha e pedir perdão. E tentar resolver esta situação com humildade cristã, e fazer todo o possível para que não volte a acontecer’, declarou o Papa durante o encontro, que contou com a presença do rei belga Philippe.
O Papa enfatizou a determinação da Igreja em enfrentar o problema dos abusos sexuais. Ele afirmou: ‘Penso nos casos dramáticos de abusos de menores, um flagelo que a Igreja está enfrentando com determinação e firmeza, escutando e acompanhando as pessoas feridas e implementando um amplo programa de prevenção em todo o mundo’.
Francisco também abordou o escândalo das adoções forçadas na Bélgica. ‘Me entristece o fenômeno das ‘adoções forçadas’, também presentes aqui na Bélgica entre os anos 50 e 70 do século passado’, disse o pontífice. Segundo o site belga HLN, estima-se que quase 30 mil crianças foram retiradas de suas mães na Bélgica entre 1945 e a década de 1980.
O Papa reconheceu a mentalidade da época que contribuiu para essas práticas: ‘Com frequência, as famílias e outras entidades sociais, incluindo a Igreja, pensaram que para eliminar o estigma negativo, que infelizmente afetava quem era mãe solo naquela época, seria melhor para ambos, mãe e filho, que este último fosse adotado’.
Está previsto um encontro do Papa com vítimas de agressões sexuais ocorridas no âmbito religioso. A Igreja belga informou que a reunião será organizada com ‘máxima discrição’.
O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, enfatizou a necessidade de ações concretas: ‘As palavras não são suficientes. Também é necessário adotar medidas concretas’.
Um incidente recente destacou a sensibilidade do tema: o programa da missa papal prevista para domingo teve que ser alterado quando foi revelado que o compositor de um hino religioso que seria cantado no evento é um padre acusado de abuso sexual.
O presidente da Conferência Episcopal Belga, arcebispo Dom Luc Terlinden, admitiu a necessidade de melhorar o controle dos casos e dos perpetradores: ‘Isto representa um grande desafio para nós, mas devemos pensar seriamente sobre isso com a ajuda de advogados e psicólogos’.