Apostas online podem reduzir R$ 117 bi do faturamento do varejo

Apostas online podem reduzir R$ 117 bi do faturamento do varejo

Estudo da CNC revela que cassinos online levaram mais de 1 milhão de brasileiros à inadimplência no primeiro semestre de 2023

O impacto das apostas online na economia brasileira está se tornando cada vez mais evidente, com potenciais consequências alarmantes para o setor varejista. Segundo Felipe Tavares, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o comprometimento da renda das famílias com as apostas pode resultar em uma redução de até R$ 117 bilhões no faturamento anual do varejo.

Um estudo realizado pela CNC revelou que, apenas no primeiro semestre deste ano, os cassinos online, incluindo jogos como o ‘jogo do tigrinho’, levaram mais de 1 milhão de brasileiros à situação de inadimplência. Esse fenômeno está fortemente relacionado a fatores sociais, com as apostas esportivas sendo apresentadas como uma forma de investimento ou planejamento financeiro.

Felipe Tavares destacou a gravidade da situação, afirmando: ‘Destacamos a forte relação desse fenômeno com fatores sociais. Estamos observando indícios de que uma parte significativa dos repasses do Bolsa Família está sendo direcionada para apostas, afetando especialmente um grupo com menor escolaridade e educação financeira.’

A situação é corroborada por uma nota técnica do Banco Central (BC), que revelou que os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em empresas de apostas eletrônicas via Pix apenas em agosto.

O economista-chefe da CNC alertou que simplesmente limitar o uso de cartão de crédito não resolverá o problema. Ele explicou que as pessoas podem recorrer a outras formas de endividamento, como o uso do CPF para obter crédito consignado, dinheiro em espécie, ou até mesmo recorrer a agiotas ou vender seus bens.

Tavares enfatizou a necessidade de abordar a raiz do problema: ‘Precisamos atacar a raiz do problema, que é o fato de termos um modelo de apostas sem regulamentação, sediado em paraísos fiscais fora do país, sobre o qual não conseguimos exercer nenhum tipo de controle.’

O especialista também defendeu que, devido ao intenso assédio dos cassinos online à população, essa modalidade não deve ser liberada no Brasil. Ele propôs uma abordagem mais cautelosa: ‘Devemos começar, como todos os países fizeram, com a regulamentação dos cassinos físicos. É fundamental proteger a sociedade e o consumidor, garantindo que isso seja um instrumento de desenvolvimento, e não uma ferramenta de cobiça e ganância descontrolada.’

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