O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira em queda significativa no mercado brasileiro, alinhado com o comportamento da moeda norte-americana no cenário internacional. O compromisso das principais lideranças da China com novos estímulos econômicos impulsionou os preços de commodities metálicas, servindo como catalisador para uma nova onda de valorização de moedas de países emergentes e exportadores de produtos básicos.
O dólar fechou o dia cotada a R$ 5,4447, registrando uma queda de 0,57%. Na semana, as perdas acumuladas chegam a 1,38%, enquanto em setembro, a desvalorização do dólar em relação ao real atinge 3,38%.
O analista de câmbio da B&T Câmbio, Bruno Nascimento, observa que ‘além de impulsionar os preços de commodities metálicas, os estímulos à economia chinesa reduzem a aversão global ao risco, o que fortalece moedas de mercados emergentes’.
No cenário doméstico, as atenções se voltaram para a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central. O documento apresentou revisões para cima do IPCA no horizonte relevante da política monetária, que já abrange 2026.
As projeções de inflação permanecem acima da meta de 3% pelo menos até o primeiro trimestre de 2027, sugerindo a possibilidade de um aperto monetário adicional significativo.
O Bradesco avalia que o cenário traçado pelo RTI aumenta as chances de uma alta da Selic em 0,50 ponto percentual na reunião do Copom de novembro, embora ainda projete uma elevação de 0,25 ponto e taxa básica em 11,50% em janeiro de 2025.
Em evento realizado nesta quinta-feira, o ex-diretor de Política Monetária do BC e sócio-fundador da Ibiuna Investimentos, Mario Torós, afirmou que ‘a percepção de risco do Brasil tem pesado de forma muito significativa na taxa de câmbio’.
Torós acrescentou: ‘Foi o suficiente para levar o real para R$ 5,40, mas ainda é uma taxa muito desvalorizada. Se com todos esses incentivos não conseguirmos um processo de apreciação da moeda, ficaria preocupado’.