O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou preocupação com o avanço das apostas esportivas (bets) no Brasil durante uma entrevista coletiva em São Paulo. Ele alertou que esse fenômeno pode levar a um aumento da inadimplência, representando um potencial problema para o futuro.
Campos Neto explicou que o Banco Central está atualmente analisando o impacto das apostas esportivas no crédito e na economia brasileira. ‘A gente ainda está na análise de tentar entender o impacto disso no crédito, se a gente tiver uma inadimplência grande na ponta, aí a gente vai ter que pensar o que essa inadimplência na ponta significa para o Banco Central’.
O presidente do BC enfatizou a importância de compreender como esse processo pode afetar a função de reação da instituição. Ele mencionou que ainda não há uma análise conclusiva sobre o impacto das apostas na inflação ou no crescimento econômico.
Campos Neto compartilhou insights de um estudo recente realizado pelo Banco Central sobre o uso das bets no país. Ele revelou que a maioria das transferências para apostas é feita via Pix, enquanto os cartões representam apenas 10% a 15% das transações.
Uma preocupação específica levantada por Campos Neto é a possibilidade de conectar diretamente o crédito às apostas, por exemplo, através de carteiras digitais (wallets). ‘A gente acha que ter um canal de crédito e um canal de apostas muito conectado pode levar a uma inadimplência um pouco maior’.
“Nossa missão é tentar ajudar o governo com algo que pode ser um possível problema à frente. Fazer alguma coisa para educar as pessoas que estão fazendo as bets. E como isso impacta nossa função reação (definição de juros)”, acrescentou Campos Neto.
Os dados do BC apontam que são aproximadamente 24 milhões de pessoas físicas participando de jogos de azar e apostas online, que realizaram ao menos uma trasnferência PIX. Ainda de acordo com o Banco Central, a maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos e o valor médio das trasnferência mensais é maior conforme a idade aumenta, partindo de R$ 100 dos mais jovens.