O Ministério da Saúde do Brasil, em colaboração com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), lançou a primeira versão em português do manual ‘Viver a Vida – Guia de Implementação para a Prevenção do Suicídio nos Países’. Este guia, originalmente desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visa orientar países na implementação de medidas coletivas para prevenir o suicídio.
O documento destaca a importância do papel dos governos e comunidades na prevenção deste grave problema de saúde pública. Entre as principais recomendações, enfatiza-se a implementação de políticas de saúde mental e a redução do consumo de álcool.
O guia apresenta iniciativas bem-sucedidas de diversos países que demonstraram eficácia na redução das taxas de suicídio. Estas experiências servem como inspiração para o desenvolvimento de novas políticas públicas e soluções coletivas.
Entre os casos de sucesso citados, destacam-se a inclusão de pessoas com experiência direta com suicídio na Irlanda, a integração da prevenção do suicídio na política de saúde mental e abuso de substâncias no Líbano, e as parcerias público-privadas nos Estados Unidos.
O documento detalha quatro intervenções essenciais para prevenir o suicídio: restringir o acesso aos meios de suicídio, interagir responsavelmente com a mídia, desenvolver habilidades socioemocionais em adolescentes, e identificar precocemente comportamentos suicidas.
Dados alarmantes da OMS revelam que mais de 700 mil pessoas perdem a vida para o suicídio anualmente, com 77% dos casos ocorrendo em países de baixa e média renda. O suicídio é a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
No Brasil, em 2022, foram notificados 16.468 óbitos por suicídio. Letícia Cardoso, diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, destacou que os casos são mais comuns entre homens, com uma taxa 3,7 vezes maior que a das mulheres.
O governo brasileiro se comprometeu com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU de reduzir em um terço a mortalidade por suicídio até 2030. Como parte desse esforço, o Novo Programa de Aceleração do Crescimento prevê a construção de 150 novos Centros de Atenção Psicossocial até 2026.
Elisa Pietro, coordenadora da Unidade Técnica de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas não Transmissíveis e Saúde Mental da OPAS/OMS no Brasil, elogiou a rede de apoio psicossocial brasileira: ‘São vários países que já pediram nesta cooperação técnica para aprender sobre a experiência do Brasil com a reforma psiquiátrica e com a construção e fortalecimento da rede de apoio psicossocial.’