Uma pesquisa recente revelou dados alarmantes sobre os incêndios no Brasil. Segundo Renata Libonati, responsável pelo sistema Alarmes, que monitora diariamente a presença de fogo na vegetação através de imagens de satélite, 99% dos incêndios no país são de origem humana.
‘De todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são de ação humana’, afirma a pesquisadora. Ela acrescenta que, devido à proibição vigente de colocar fogo em vegetação, ‘todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos’.
O sistema Alarmes monitora os três principais biomas do Brasil: Amazônia, Cerrado e Pantanal. A situação atual é considerada crítica em todos eles.
No Pantanal, até 18 de setembro, já havia queimado cerca de 12,8% de sua área, o que representa aproximadamente 1,9 milhão de hectares. Este número já ultrapassa a média anual de 8% de área queimada no bioma.
A Amazônia registrou o pior ano desde o início das medições em 2012, com cerca de 10 milhões de hectares queimados, o equivalente a 2,5% de sua área total.
O Cerrado teve cerca de 11 milhões de hectares queimados, correspondendo a quase 6% de sua área. Este valor está ligeiramente abaixo do recorde histórico de 2012.
Renata Libonati ressalta a relação entre os incêndios e as atividades econômicas: ‘A ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra’.
A pesquisadora alerta para o aumento de eventos climáticos extremos e seu impacto nos incêndios: ‘Essas são as condições que levam a grandes incêndios. Então qualquer ignição vai se propagar de uma forma muito rápida, muito intensa, e o combate é muito difícil’.
Libonati enfatiza a importância da prevenção: ‘A gestão do incêndio não passa apenas pelo combate. Muito pelo contrário, o pilar precisa ser a prevenção’.
A recente aprovação da lei do Manejo Integrado do Fogo é vista como um passo positivo para mudar o paradigma na gestão de incêndios no Brasil.
‘Nosso estilo de vida atual é incompatível com o bem-estar da nossa sociedade no futuro’, conclui a pesquisadora, destacando a necessidade urgente de mudanças na forma como utilizamos os recursos do planeta.
Com informações da Agência Brasil