A dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados tem se tornado uma preocupação crescente para o setor agrícola nacional. Nos últimos 25 anos, o país passou de uma posição de autossuficiência para uma situação em que cerca de 85% dos fertilizantes utilizados na agricultura são de origem estrangeira. Esta mudança drástica tem colocado o Brasil em uma posição vulnerável frente às variações de preços e oferta no mercado internacional.
A transformação do cenário de fertilizantes no Brasil começou na década de 1990. Naquela época, o país produzia mais fertilizantes do que importava, com até 65% do consumo sendo de produção local. No entanto, fatores como a estagnação dos investimentos no parque fabril e readequações tributárias impulsionaram a importação de nutrientes básicos para a agricultura.
O crescimento da importação de fertilizantes foi exponencial. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as importações passaram de 7,4 milhões de toneladas em 1998 para quase 33 milhões em 2020, um aumento de 445% em pouco mais de duas décadas. Em contrapartida, a produção nacional caiu 13,5% no mesmo período, passando de 7,4 milhões para 6,4 milhões de toneladas.
Os números recentes continuam preocupantes. De acordo com o boletim logístico de junho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no período de janeiro a maio de 2024, foram importadas 13,64 milhões de toneladas de fertilizantes, um leve aumento em relação ao mesmo período do ano anterior. A produção nacional, por sua vez, registrou uma queda de 11,9% nos primeiros quatro meses de 2024 em comparação com 2023.
Para reverter essa situação, o governo federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) em março de 2022. Esta iniciativa visa fomentar investimentos públicos e privados para impulsionar a produção nacional de fertilizantes.
O objetivo do PNF é ambicioso: reduzir a dependência do Brasil dos insumos importados para cerca de 45% até 2050. Para alcançar essa meta, o plano prevê incentivos fiscais, linhas de financiamento, parcerias e mudanças regulatórias.
A remodelação do Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), em maio de 2023, foi outra medida importante para fortalecer o setor nacional de fertilizantes.