Roberto Burle Marx, filho de um alemão e uma brasileira, revolucionou o paisagismo ao utilizar a vegetação nativa do Brasil em seus projetos. Sua visão inovadora e amor pela flora brasileira o levaram a criar mais de três mil jardins em cerca de 20 países, deixando uma marca indelével na arquitetura paisagística mundial.
A jornada de Burle Marx como paisagista começou de forma inesperada durante uma viagem à Alemanha para tratar um problema de visão. Foi no Jardim Botânico de Dahlem, em Berlim, que ele teve a epifania que mudaria sua vida.
• Durante sua estadia em Berlim, entre 1928 e 1929, Burle Marx, então com 19 anos, imergiu na cultura europeia. Além de consultas médicas, ele aproveitou para apreciar música clássica e obras de grandes artistas.
• No entanto, foi no Jardim Botânico de Dahlem que Burle Marx ficou verdadeiramente encantado. Lá, ele se deparou com a beleza exuberante da flora brasileira, uma experiência que o curador Jens Hoffmann descreve como transformadora: ‘Ficou encantado ao se deparar com a beleza exuberante da flora brasileira’.
• De volta ao Brasil, Burle Marx começou a aplicar seu novo conhecimento e paixão em projetos paisagísticos. Um de seus trabalhos mais notáveis é o Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro, uma obra que transformou uma área de entulho em um verdadeiro oásis urbano.
• O Parque do Flamengo, com 1,2 milhão de metros quadrados, é um exemplo perfeito da visão de Burle Marx. O paisagista Robério Dias destaca: ‘Pela primeira vez, Burle Marx usou a quixabeira, típica da caatinga, em um de seus projetos’.
• Outro projeto emblemático de Burle Marx é o jardim do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Neste espaço, ele criou uma paisagem que, segundo a arquiteta Isabela Ono, ‘usou gramíneas de diferentes tonalidades para dar a sensação de ondas do mar’.
• O Sítio Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, é um testemunho vivo do trabalho e da paixão do paisagista. Com 405 mil metros quadrados de Mata Atlântica e uma coleção de 3,5 mil espécies de plantas, o local foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2021.
• A influência de Burle Marx continua a inspirar novas gerações. João Vargas Penna, diretor de documentários sobre o paisagista, afirma: ‘Burle Marx deixou seguidores fiéis para cuidar de suas ideias e de sua obra. Eu sou um deles’.