Um recente estudo liderado pela Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com o Imperial College London, destaca que mesmo os alimentos ultraprocessados de origem vegetal podem ser prejudiciais à saúde. Publicada em uma renomada revista científica, a pesquisa utilizou dados de mais de 118 mil indivíduos e associou o consumo desses produtos a um aumento significativo no risco de doenças cardiovasculares.
O estudo analisou a ingestão de alimentos ultraprocessados à base de plantas e constatou que este hábito está ligado a um aumento de 7% no risco de doenças cardiovasculares, em comparação com alimentos vegetais menos processados. Além disso, a pesquisa indicou que o consumo total de produtos ultraprocessados, tanto de origem animal quanto vegetal, está relacionado a uma maior incidência de doenças e mortalidade por tais condições.
‘Apesar de serem comercializados como saudáveis, os ultraprocessados à base de plantas não parecem ter efeitos protetores para a saúde e estão associados a maus resultados de saúde’, afirma Eszter Vamos, co-autora do estudo e pesquisadora da Escola de Saúde Pública do Imperial College London. Entre os exemplos desses alimentos estão salsichas, hambúrgueres e nuggets vegetais, que geralmente contêm altos níveis de sal, gordura, açúcar e aditivos artificiais.
A pesquisa também revelou que substituir alimentos ultraprocessados à base de plantas por opções naturais e minimamente processadas pode reduzir em 7% o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e em 15% o risco de morte associada a essas condições. Adicionalmente, melhorar a dieta de indivíduos que consomem ultraprocessados de origem animal poderia diminuir em 13% a mortalidade por todas as doenças cardiovasculares, com uma redução de 20% na mortalidade por doenças coronárias.
‘O estudo preenche uma lacuna nas evidências sobre o impacto do consumo de alimentos vegetais ultraprocessados, especialmente no que diz respeito a doenças cardiovasculares’, comenta Renata Levy, professora da USP e parte da equipe de pesquisa.