O planeta Terra enfrentou um período sem precedentes de calor extremo, com os últimos 12 meses, de junho de 2023 a maio de 2024, registrando as temperaturas mais altas já medidas mensalmente. Segundo o serviço de monitoramento climático da União Europeia, Copernicus, essa sequência é um reflexo alarmante das mudanças climáticas induzidas por atividades humanas.
O diretor do Copernicus, Carlo Buontempo, descreveu a situação como ‘chocante, mas não surpreendente’, tendo em vista a contínua emissão de gases de efeito estufa. Ele advertiu que, a menos que haja uma redução significativa na poluição por combustíveis fósseis, ‘esta série de meses mais quentes será lembrada como comparativamente fria’.
Os efeitos do aquecimento global já são visíveis e devastadores em várias partes do mundo. Nos Estados Unidos, o Oeste enfrenta sua primeira onda de calor do verão, com temperaturas ultrapassando os 40ºC. Na Índia, as temperaturas atingiram 50ºC, resultando em dezenas de mortes nas últimas semanas. O Sudeste Asiático e o México também sofreram com temperaturas brutais, resultando em mortes, fechamento de escolas e perda de colheitas. Além disso, o aumento das temperaturas dos oceanos tem intensificado chuvas e tempestades em várias partes do mundo, incluindo Brasil, Quênia e Emirados Árabes Unidos.
A temperatura média global nos últimos 12 meses foi 1,63 grau acima dos níveis pré-industriais, ultrapassando o limite estabelecido pelo Acordo de Paris de 2015, de 1,5 grau. Especialistas, como Richard Allan da Universidade de Reading, alertam que isso é um sinal de impactos climáticos mais perigosos no futuro.
Apesar de uma possível queda nas temperaturas globais nos próximos meses devido ao enfraquecimento do fenômeno El Niño, a tendência de longo prazo de aquecimento global deve continuar. ‘A assinatura geral das alterações climáticas permanece e não há sinais à vista de uma mudança nesta tendência’, afirmou Buontempo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou as empresas de combustíveis fósseis, chamando-as de ‘padrinhos do caos climático’ e apelou para uma proibição global da publicidade de seus produtos. ‘Estamos num momento da verdade’, disse Guterres, instando os líderes mundiais a tomar medidas imediatas para combater a crise climática.