Mudança de datas de partos por conta do Carnaval afeta saúde neonatal, diz estudo

Mudança de datas de partos por conta do Carnaval afeta saúde neonatal, diz estudo

Estudo do Insper revela manipulação de datas de partos durante o Carnaval e seus efeitos na saúde dos bebês no Brasil

Um estudo realizado pelo Insper Instituto de Ensino e Pesquisa revelou que, no Brasil, a manipulação das datas de partos em função do Carnaval influencia significativamente a saúde neonatal. Segundo a pesquisa, muitas cesáreas planejadas para o período do feriado são antecipadas ou postergadas, o que afeta diretamente a maturidade gestacional e as taxas de mortalidade neonatal.

O estudo, liderado pelos economistas Carolina Melo e Naercio Menezes Filho, foi publicado recentemente no periódico Health Economics. Os dados apontam que a postergação dos partos aumenta a idade gestacional e reduz a mortalidade neonatal. Por outro lado, a antecipação dos partos diminui a idade gestacional e o peso ao nascer, atingindo principalmente bebês de gestações de alto risco.

Impacto dos partos manipulados

‘Nossa pesquisa mostrou que existe, sim, uma extensa manipulação das datas dos em função do feriado de Carnaval. Isso acontece principalmente entre mulheres de maior nível educacional, que tendem a antecipar os partos para evitar complicações durante o feriado’, explica Carolina Melo. De acordo com ela, essa manipulação, embora garanta o conforto da parturiente e do médico, pode prejudicar a saúde dos bebês por encurtar o período de gestação.

Em casos onde a cesariana não pode ser antecipada, muitas gestantes acabam entrando em trabalho de parto naturalmente, resultando em partos vaginais. ‘As análises mostram que isso pode levar a resultados melhores em termos de maturidade gestacional e sobrevivência neonatal’, afirma Melo. A pesquisa indica um aumento líquido de 3,5 dias no tempo gestacional dos partos cujas datas foram manipuladas, podendo resultar em um ganho de 60 gramas no peso dos bebês.

A manipulação das datas durante o Carnaval reflete uma prática mais ampla que acontece independente dos feriados. ‘Enquanto a OMS recomenda um período gestacional mínimo de 39 semanas, a média brasileira é de 38,5 semanas, indicando que muitos bebês estão nascendo antes do tempo seguro’, destaca Melo. O estudo enfatiza a necessidade de políticas públicas que restrinjam a antecipação sem justificativas médicas, visando minimizar os riscos associados a nascimentos prematuros e baixo peso ao nascer.

A pesquisa foi apoiada pela FAPESP e pelo Centro de Pesquisa Aplicada em Políticas Públicas e Inovação (CPAPI), destacando-se como um importante passo para entender melhor os impactos da manipulação de datas de partos na saúde dos recém-nascidos. ‘É provável que os efeitos positivos em tempo gestacional e peso ao nascer para os partos postergados sejam ainda maiores’, conclui Carolina Melo.

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